Acheronta  - Revista de Psicoanálisis y Cultura
A topología e o tempo
Seminario 1978-1979
Jacques Lacan

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Tradução, organização e notas de Frederico Denez e Gustavo Capobianco Volaco

Aula 4
09 de Janeiro de 1979

Não há relação sexual, é o que eu tenho enunciado. O que se compensa, dado que está claro que as pessoas, o que se chama como tal, quer dizer, os seres humanos, as pessoas fazem amor. Há uma explicação para isso: a possibilidade - que se note que o possível é o que já definimos como o que cessa de se escrever - a possibilidade de um terceiro sexo.
Por que existem dois por aí, isso se explica mal. É o que evoquei no forro de Eva, a saber, Lilith. A evocação não é, entretanto, uma coisa precisa. É justamente a precisão, quer dizer do Real, o que tenho levado em conta, sonhado, em suma, com o que é do nó borromeu.

O nó borromeu tem como consistência imaginarizar-se (1) . Qual a diferença entre o imaginário e o que se chama o simbolismo (2) , dito de outra maneira, a linguagem? A linguagem tem suas leis das quais a universidade é o modelo, a particularidade não o é menos. O que o imaginário faz, imagina o Real: é uma reflexão. A reflexão implica o espelho, é pois no espelho que se exerce uma função. O espelho é o mais simples dos dispositivos. É uma função de alguma forma totalmente natural.

É curioso que eu tenha escolhido o nó borromeu para fazer alguma coisa. Mas o nó borromeu tem como propriedade de que se pode começar por não importa qual.

Muito pelo contrário, este (1) não se pode começar por não importa qual. Se se começa por ali (o verde) há um obstáculo.

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Isso forma trança como o demonstra o desenho que está à esquerda (3), mas se se puxa para a direita, são os outros dois que são arrastados, e não se sabe o que pode resultar desse arrasto. Em todo caso, são os outros dois. É o mesmo caso para este (2) e é seguramente porque aquele que está ali não pode servir para simbolizar o imaginário, o Simbólico e o Real. Pois o que se simboliza no imaginário, no Simbólico e no Real, é o interior do círculo (5), é o campo interior do círculo, o campo, c-a-m-p-o. De forma que isto do que se trata é de uma metáfora (3).

Seria muito mais difícil instalar uma metáfora neste desenho (1) do que neste (5), e com muito mais razão no terceiro desenho (2). Pois o terceiro desenho (2) tem um ar mais complicado, mas é o mesmo. É o mesmo, estando dado que o vermelho tem ali uma inflexão que poderia permitir regularizar, fazer entrar o desenho da esquerda (1) no desenho da direita (2). A diferença é que este (2) fica com aquele (3) e este (1) se trança com aquele (4).

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A metáfora do nó borromeu no estado mais simples é imprópria. É um abuso da metáfora, porque na Realidade não há nenhuma coisa que suporte o Imaginário, o Simbólico e o Real. Que não haja relação sexual é o essencial do que enuncio. Que não haja relação sexual porque existe um imaginário, um Simbólico e um Real, é o que eu não ouso dizer. Não obstante eu disse. E é bem evidente que eu estava errado, mas me deixei escorregar... me deixei escorregar muito simplesmente. É incômodo, é inclusive mais que chato. É tanto mais chato quanto que é injustificado. É o que eu penso hoje, e é ao mesmo tempo o que lhes confesso.

Bem! (4)

(1) Há, em toda essa sentença, um sublinhado feito pelo transcritor que não reproduzimos aqui.

(2) O transcritor faz aqui uma anotação para marcar o lapsus de Lacan, pois o que se esperaria, nesse trecho, seria simbólico e não simbolismo.

(3) Para esta frase idem a nota 6.

 

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