Acheronta  - Revista de Psicoanálisis y Cultura
Psicanálise e linguagem: uma confluência contemporânea
Alexandre Simões Ribeiro

RESUMO: Uma vez que a linguagem seja devidamente tomada como a única e legítima ferramenta do psicanalista quando este depara-se com a ineludível densidade do mal-

-estar trazido pelo paciente, torna-se imprescindível que a sua atenção seja voltada para tal instrumento. Nesta perspectiva, as formulações de Ludwig Wittgenstein acerca da linguagem mostram-se valiosas para uma Psicanálise que se queira viva, que suporte interpelações e que, além disto, paute seu trabalho desde onde ele tem a chance de colher sensíveis desenvolvimentos na nossa contemporaneidade: o campo dos conceitos.

UNITERMOS: linguagem, psicanálise, jogos de linguagem, Wittgenstein.

 

Agora, às vésperas do fim de nosso século, levando-se em consideração todos os caminhos, descaminhos, seriedades, futilidades e rompimentos ilustrados pela História da disciplina que nos interessa, nomeadamente, a Psicanálise (1), o que pode haver nela de minimamente consensual? Penso que a melhor resposta a ser oferecida a esta indagação, a resposta que pode se instalar quase sem nenhuma hesitação neste campo tão fadado a desentendimentos é anunciar que a Psicanálise, contemporaneamente, tem legítimas condições de localizar sua mola propulsora onde ela desde sempre se encontrou: na linguagem. Desta maneira, a íntima articulação entre linguagem e psicanálise apresenta-se, ao menos a mim, como um tema que possibilita que psicanalistas das mais diversas inspirações e das mais curiosas estirpes assentem-se à mesma mesa e, oxalá, conversem.

No intuito de conservarmos uma memória acerca da História de nossa disciplina - memória esta muitas vezes vã, pois não nos imuniza à tentação de inexoravelmente repetirmos erros crassos - não devemos evitar de dizer que, se hoje esta é uma afirmação quase que unânime ou, até mesmo, banalíssima (portanto, digna de ser constantemente frisada, pois há tempos que já se sabe que não há nada mais enceguecedor do que o óbvio), isto se deve, principalmente, à bem-vinda insistência de alguns dos textos de Jacques Lacan escritos há pouco mais de quarenta anos, tais como o Função e campo da palavra e da linguagem em psicanálise (mais conhecido como Discurso de Roma, de 1953) e, sobretudo, A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud (de 1957).

Também não vejo como não dizer que os psicanalistas, a despeito de suas nem um pouco cândidas filiações às instituições ou a certas figuras demasiado lendárias, têm como dever de inadiável urgência (pois é o próprio futuro da Psicanálise que certamente está em jogo, como se vê pelos seus atuais choramingos em função da disseminação social das performances da chamada Psiquiatria Biológica) averiguarem a própria ferramenta que lhes possibilita alguma maneira de interceptação, mesmo que esta traga resultados bem diversos, sobre o ineludível sofrimento daqueles que os procuram e - o que potencializa mais ainda a pressão da urgência - os remuneram por isto. Quero dizer, portanto, que é um grave erro, um grave e caro erro, não nos atentarmos para o único - repito: o único - instrumento com o qual podemos operar (2). Um psicanalista que insiste em manter tal ignorância simplesmente desconhece que os conceitos que possibilitam sua prática são como quaisquer outros conceitos: históricos, vivos, maleáveis, sedentos por aperfeiçoamentos e metamorfoses, passíveis de desgaste e paralisia (3).

Sendo assim, busco, neste breve escrito, iniciar (e somente iniciar, pois algo que pretenda ultrapassar a isto requereria no mínimo mais tempo e espaço) a apresentação de uma perspicaz argumentação acerca da linguagem (portanto, sobre o nosso instrumento) empreendida por um filósofo contemporâneo a Freud, vienense, também, mas que, entretanto, continua incipiente em nosso meio exclusiva e excessivamente influenciado por uma concepção de linguagem estruturalista. Trata-se, nomeadamente, de Ludwig Wittgenstein (1889-1951), principalmente, o Wittgenstein dos anos 30 aos fins dos anos 40, o terrível filósofo iconoclasta e, digamos, refinada e ironicamente pragmático.

 

Todavia, antes de passar à apresentação de algumas das formulações wittgensteinianas acerca da linguagem - formulações estas que certamente interessam de perto aos psicanalistas que são sensíveis a uma Psicanálise viva - creio ser prudente efetuar, previamente, duas observações.

Primeira observação: nitidamente devemos a Lacan o mérito de ter feito sobressair o aspecto por mim notado ao início deste texto: a linguagem como a ferramenta do psicanalista. Notemos igualmente que isto já estava, de certa forma, registrado em Freud, desde o seu, digamos, momento inaugural; aquele momento abrangido por obras tais como os Estudos sobre a histeria (1893-95), a Interpretação dos sonhos (1900), Os chistes e sua relação com o inconsciente (1905) e a Psicopatologia da vida cotidiana (1901) (4). É neste encaminhamento que podemos, hoje, declarar que nós, humanos, falantes, nos encontramos em um estado inexoravelmente marcado por aquilo que poderia ser denominado adesividade lingüística. Ou seja: de onde quer que partamos, aonde quer que cheguemos, o que quer que criemos, amemos ou destruamos, estaremos, tal qual a sombra que nos acompanha debaixo de um sol escaldante, comprometidos com o "linguagear". Com este neologismo quero dar a entender aquilo que o vocábulo "linguajar" usualmente sugere em nossa língua, porém, muito timidamente: o fato de, ao vivermos, estarmos sempre envolvidos em uma ação lingüística (para que aqui se perceba o devido porte desta ação, devo frisar que estar imóvel poderia ser interessantemente pensado como sendo também uma ação, assim como a situação, já notada por Lacan, aonde alguém - a bela açougueira - deseja não desejar, ou melhor, deseja ter um desejo insatisfeito) (5). Por conseguinte, linguagear, sobreviver nos quadrantes daquilo que denominei "adesividade lingüística" é exercer a ação humana por excelência, a saber: jogar com a linguagem.

Segunda observação: ao dizer que a eminente ação humana é jogar com a linguagem, não se deve apressadamente concluir que, com esta fórmula, lograremos estabelecer um alicerce, um fundamento a partir de onde todas as demais ações e disciplinas pudessem encontrar seu prumo seguro. Ao menos, enquanto se entende por "fundamento" aquilo que absoluta, solida e racionalmente suporta um uso da linguagem. O que vale neste momento é anunciar que uma infinidade de possibilidades originais - inclusive, as que repercutem nos ditos finais de análise, tão explosivos para as comunidades dos analistas - abre-se perante nós (por "nós", entendo aqueles que manifestam atenção quanto ao fardo daqueles que nos procuram) quando deixamos de lado, no que tange à linguagem, a idéia de que ela refere-se a uma ontologia. Explico-me: o que acabei de dizer é equivalente a se anunciar que poderíamos descartar ou, ao menos, desconfiar rigorosamente da imagem de uma linguagem que funcionasse sempre de uma maneira única, a saber: refletindo a natureza, espelhando um original, um dado, um fato bruto, o sagrado, uma super-ordem que independa do discurso (portanto, do humano), uma essência, uma verdade (em oposição a uma opinião), uma coisa, um em-si. Observemos ainda que este esquema clássico (do qual Wittgenstein, dentro de minha perspectiva, irá cada vez mais se afastar) finda por criar um comércio entre dois pólos: de um lado, teríamos as palavras designadoras, de outro, os objetos designados. Com isto, seria outorgado à descoberta (por exemplo, descoberta da lógica ou da ordem parcimoniosa e universal que liga os dois pólos) às expensas da invenção o título de supra-sumo do conhecimento (6).

Talvez eu esteja indo rápido demais e, também, desconsiderando certos aspectos supostamente relevantes que se situam no terreno sobre o qual estamos. Todavia, encontro uma justificativa para o ritmo em que venho apresentando estas idéias quando posso anunciar que o que agora faço não é nada mais nada menos do que denunciar, portanto, criticar, os aspectos fundamentais dos estreitos laços que uma visão de linguagem referencial, designadora ou ostensiva (7) necessariamente mantém com a noção de representação (esta última, sendo basicamente uma forma de mise en présence de algo, seja este um objeto físico (8), um objeto mental (9) ou um objeto metafísico (10)). Penso que a repercussão desta imagem contagiante é possível de ser testemunhada no contínuo fascínio exercido, há tempos e, inclusive, em nossa época, pelos saberes que se pautam sob um modelo de Racionalidade que não pretende se desprender dos régios e metodológicos caminhos que nos conduzem à Objetividade: constatação empírica do fato bem como sua previsibilidade confirmada. A potência contaminadora desta imagem platônica e teológica (platônica, na medida em que nos convida para o exercício contemplativo da Natureza ou do que quer que seja colocado em seu lugar; teológica, na medida em que supõe a existência de um supra-humano dotado de significado, valores, leis, etc.) é tão perene - Freud que nos diga! - que ela acaba por revelar-se furtivamente ativa em situações a que, a princípio, os mais desavisados supunham estar imunes. Uma situação típica de nosso métier que eu penso servir de ilustração para este tópico é o vício francófilo que pode ser ecoado a partir do momento em que a noção de Estrutura é aplicada à linguagem: apelo a um domínio profundo (enunciação) que não seja coincidente com um domínio superficial (enunciado), apelo a um ponto central (fantasma, desejo, objeto a) ou a um conjunto de leis (metáfora - condensação/ metonímia - deslocamento) ou a um lugar paradoxalmente ilocalizável (o sujeito) que seriam mais fidedignos, mais estruturais, mais organizados, mais bem acabados, mais originais (no sentido daquilo que está na origem; a matriz) do que outros (como, por exemplo, os sintomas, as demandas, as identificações, os eus, etc.) (11).

Ditas estas palavras a título de observações prévias, sinto-me pronto para efetuar, a partir de agora, dois movimentos simultâneos que penso serem bem oportunos. Primeiro: delinear alguns aspectos que me parecem fundamentais para se compreender a abordagem de Wittgenstein acerca da linguagem. Para isso, irei me restringir, principalmente, aos aspectos relativos aos já famosos "jogos de linguagem" que Wittgenstein heuristicamente propõe em seu livro intitulado Investigações filosóficas (12). Feito isto, creio que já estarei envolvido com o segundo movimento de meu raciocínio que é precisamente começar a justificar o valor, a pertinência e a atualidade das formulações wittgensteinianas acerca da linguagem para aqueles profissionais que ao lidarem com a austeridade do sofrimento humano empregam efetivamente os recursos que a linguagem lhes proporciona.

Assim, é lícito declarar que Wittgenstein adota um encaminhamento ou uma maneira de filosofar, no mínimo, sui generis. Explico tal afirmação ao anunciar que o interesse daquele filósofo (claramente a partir de 1930, o que quer dizer que estarei me referindo ao chamado "segundo Wittgenstein") era descrever a linguagem (entenda-se: a linguagem usual, a linguagem proferida), isto é, abordá-la sem o costumeiro recurso a imagens idealizantes ou pré-determinadas que a forçassem a um enquadramento que satisfizesse aos caprichos dos filósofos, lingüístas ou cientistas (tarefa levada a cabo, em suas linhas gerais, pelo "Wittgenstein pré-30", ou seja, o denominado "primeiro Wittgenstein"). Por sinal, o apego dos filósofos àquilo que não é da ordem da descrição das circunstâncias nas quais empregamos a linguagem é, para Wittgenstein, fruto de um grande mal-entendido, de uma visão míope, unilateral, apressada que se lança sobre a própria linguagem. É neste fio-condutor que encontramos aquele filósofo vienense denunciando os enganos filosóficos - que muitas vezes são elevados à categoria e à seriedade de genuínos "problemas filosóficos" - como confusões, doenças do intelecto dos filósofos que enquanto tais deveriam ser tratadas, enfim, dissolvidas.

Devemos ainda observar que a maneira com que Wittgenstein aborda os temas que lhe interessam não isenta aqueles que aí lhe seguem de serem lançados a uma implacável indagação acerca de suas próprias posições filosóficas. Em outras palavras, o trabalho de descrição das formas e metamorfoses da linguagem não é, como muitos poderiam imaginar, um exercício empírico, todavia, tal como Wittgenstein nos faz notar, um trabalho árduo e, o que é de extrema importância: eminentemente conceitual (13).

Portanto, aquilo que Wittgenstein almeja clarear ao longo de suas Investigações filosóficas são as infindáveis diferenças que se instalam no campo lingüístico. Este ponto, o da constatação das diferenças, das diversidades, da multiplicidade, em vez de reconfortantes unificações ou paradigmáticas sistematizações é, a meu ver, um ponto nevrálgico e altamente desafiador de muitas das tradições filosóficas. É a partir deste aspecto que poderemos abordar os "jogos de linguagem" propriamente ditos.

Os "jogos de linguagem" constituem a original e construtiva proposta de Wittgenstein no terreno lingüístico. É no intuito de visualizar a linguagem de uma maneira suficientemente panorâmica (Cf. IF, § 5, 122) (14), com o objetivo de evitar, pois, o tão recorrente risco de uma visão unilateral e unificadora da mesma (Cf. IF, § 593) que Wittgenstein irá adotar o precioso símile do jogo para, a partir daí, quando se referir às situações abarcadas pela linguagem humana falar delas como "jogos de linguagem". O valor heurístico dos jogos de linguagem subressai-se à medida em que eles são colocados sobre o devido pano-de-fundo sobre o qual Wittgenstein os maneja. Este pano-de-fundo é exatamente a crítica que Wittgenstein efetua sobre a tradicional necessidade de se apelar a um subsídio mental que dê conta do significado das palavras (15).

Nas primeiras páginas das Investigações filosóficas enxergamos uma variedade de situações imaginadas por Wittgenstein, nas quais encontramos pessoas relacionando-se entre si a partir de palavras que acionam um comércio de objetos (no caso, objetos de construção de casas com "laje", "viga", "arame"). Estas situações, a princípio simples (aonde, por exemplo, um pedreiro grita "tijolo!" e um ajudante lhe traz um tijolo; Cf. IF, § 2) vão complexificando-se, a ponto de presenciarmos uma pessoa ordenando a uma outra que carregue um número x de determinado objeto de uma tal cor para o local apontado por seu dedo (Cf. IF, § 8). Wittgenstein nos dirá que o que se processa nestas situações, nestas atividades (como em inúmeras outras), deve ser entendido como um jogo, no caso, um jogo de linguagem. Ou seja, ali somente é possível a interação humana via palavras porque há em operação um certo jogo de linguagem (Cf. IF, § 7; LM I, §5; LA, p. 47).

Penso ser importante observar ao leitor que na seqüência do raciocínio de Wittgenstein podemos encontrar, no mínimo, quatro características - a meu ver, fundamentais - que dão corpo àquilo que está englobado pela noção de jogo de linguagem.

A primeira característica que podemos destacar se refere ao fato de Wittgenstein não tomar a linguagem como constituída apenas de palavras (isto é, como estando restrita apenas ao aspecto verbal e escrito), mas, antes, como parte integrante de uma ampla atividade (Cf. IF, § § 7, 23, 546).

Como segunda característica, devemos apontar para o fato (já aludido por mim ao início deste texto) de estas atividades, de estes jogos de linguagem não serem unificantes, porém, extremamente variados:"Tenha presente a variedade de jogos de linguagem..." (IF, § 23; Cf. LA, p. 117).

Na mesma direção desta característica que agora estou a sublinhar, Wittgenstein vai nos apresentar uma lista diversificada e propositalmente não-homogênea de atividades que são, de fato, formas de jogos de linguagem:

Ordenar e agir segundo ordens -

Descrever um objeto pela aparência ou pelas suas medidas -

Produzir um objeto de acordo com uma descrição (desenho) -

Relatar um acontecimento -

Fazer suposições sobre o acontecimento-

Levantar uma hipótese e examiná-la -

Apresentar os resultados de um experimento por meio de tabelas e diagramas -

Inventar uma história; e ler -

Representar teatro -

Cantar uma cantiga de roda -

Adivinhar enigmas -

Resolver uma tarefa de cálculo aplicado-

Traduzir de uma língua para outra -

Pedir, agradecer, praguejar, cumprimentar, rezar. (IF, § 23) (16).

Ainda no que concerne a esta extrema variedade de jogos de linguagem (17), é importante nos lembrarmos de uma sugestiva imagem a que Wittgenstein recorreu na intenção de indicar a maneira como a linguagem mostrava-se a seu olhar: para ele, a linguagem deveria ser comparada a uma caixa contendo várias ferramentas distintas tais como martelo, serrote, pregos, cola, parafusos, metro, chave de fenda, etc. (Cf. IF, § 11). Tal comparação - que eleva a linguagem à condição de instrumento (18) - reforça a seguinte afirmação: as palavras, assim como as ferramentas, têm funções, utilidades, indicações totalmente diferentes, de uma multiplicidade tal que desafia qualquer tentativa de se erigir, a partir delas, uma função-padrão, não impedindo, porém, que se indiquem semelhanças entre as aplicações de distintas ferramentas (19).

Observemos que, com esta maneira de se pensar a linguagem, descrevendo-a enquanto ferramenta ou instrumento (que nos remete a uma operacionalidade, a uma utilização), exclui-se qualquer expectativa de colocá-la como tendo uma função mediadora (entre um sujeito e um objeto) que pudesse comportar-se como o veículo ou o representante de uma verdade ou essência (20).

A terceira característica que podemos mencionar indica que ao chamar atividades tão distintas de jogos, ou seja, ao utilizar um mesmo termo para uma ampla variedade de coisas, Wittgenstein não está indicando, como alguns poderiam ser levados a pensar, a existência de um elemento comum que perpasse a diversidade e que, por isto, permita reconhecê-la enquanto uma série de jogos. O que Wittgenstein pretende aí realizar é, simplesmente, apontar para aquilo que ele chama de semelhanças de família.

Isto é, em vez de se buscar uma característica que perpassasse o múltiplo e, assim, caracterizasse um elemento comum a todos os casos possíveis (na nossa situação, um elemento que fosse comum a todas as manifestações lingüísticas), Wittgenstein dirá que, na linguagem, encontramos várias semelhanças entre seus elementos constituintes (e, conseqüentemente, maneiras inesgotáveis de categorizá-los), tais como as semelhanças existentes entre os membros de uma família: "...estatura, traços fisionômicos, cor dos olhos, andar, temperamento, etc., etc. - E eu direi: os ‘jogos’ formam uma família." (IF, § 67; Cf. LM II, §11; LA, pp. 47, 48).

A quarta e última característica que viso ressaltar é referente à tendência explícita de Wittgenstein em estabelecer os jogos de linguagem como os dados primários, se é que se pode assim dizer, que deveriam, por isto, deter a ânsia de se buscar, em vista de uma sólida fundamentação, os porquês das coisas, a razão das disciplinas ou dos distintos discursos que possamos vir a efetuar sobre seja lá o que for: "Nosso erro está em buscarmos uma explicação lá onde deveríamos ver os fatos como ‘fenômenos originários’. Isto é, onde deveríamos dizer: joga-se este jogo de linguagem (21)." (IF, § 654).

Não há como evitar de marcar que a passagem que acabei de citar tem como efeito nos conduzir a repetir que, para Wittgenstein, a Filosofia deveria pura e simplesmente constatar e descrever jogos de linguagem (Cf. IF, § 655). Notemos também que a noção de jogos de linguagem ou de linguagem enquanto ferramenta tal como é proposta por Wittgenstein pode nos auxiliar no entendimento da colocação dos mesmos como constituindo um dado primário. Pois aquela noção permite-nos, por exemplo, dizer que, se, em nosso mundo, a soma de dois mais dois tem como resultado (amplo em aplicações) quatro, é devido ao fato de assim procedermos, de assim jogarmos com o termo "soma" e com os números, e não pelo fato de estarmos à mercê de uma super-ordem perante a qual uma disciplina, no caso, a Matemática, teria o privilégio epistemológico de descobri-la e transmiti-la a nós. Pois, se assim fosse, estaríamos postulando a existência de uma Natureza e acabaríamos por nos encontrar na situação perante a qual Wittgenstein nos alerta com estes termos:

É-nos difícil libertarmo-nos da comparação: um homem surge - um acontecimento surge. Como se o acontecimento já se encontrasse pronto, à porta da realidade, e então ingressasse na realidade (como num quarto). (F, § 59).

Maiores detalhes quanto a esta ausência de fundamentação da linguagem, ou seja, a esta ausência de fundamento do próprio significado, devem ser colhidos ao se abordar um outro conceito wittgensteiniano, o das "formas de vida". Entretanto, eu não o abordarei diretamente neste momento. Imagino que, por agora, é suficiente para os nossos propósitos frisar que a localização do "ponto zero do significado" é tida por aquele filósofo como mais uma quimera lingüística e, a meu ver, esta classificação é coerente com a sua abordagem que nos leva, no paroxismo da proposta dos jogos de linguagem, a desacreditar em qualquer aspiração de se estabelecer um nível ontológico possível de ser apreendido, digamos, através, por detrás ou mais além da própria linguagem.

Muito ainda poderia ser dito acerca dos jogos de linguagem (22). É desde este conceito que se depreende a tese de Wittgenstein de que o significado de uma palavra está tão-somente nos usos que dela fazemos. Esta tese é, de fato, um golpe mortal sobre qualquer tentativa de se estabelecer subsídios mentais para o campo semântico, bem como às aspirações de qualquer postura solipsista e, aliás, de toda tendência empirista.

Todavia, tentemos raciocinar sem precipitação, levando em consideração uma parte do material que até aqui foi exposto. Tomemos o aspecto que tange à diversidade da e na linguagem, nitidamente enfatizado quando se trabalha desde a referência dos jogos de linguagem. Tenderia a dizer que a linguagem tomada enquanto um campo de irredutíveis diversidades, portanto, desde a imagem de um caleidoscópio - devemos notar que, diante de um caleidoscópio, este brinquedinho fascinante que, na nossa atualidade, vem provavelmente divertindo um número cada vez menor de crianças, não há sentido em se perguntar pela imagem básica, pela imagem mais verdadeira, enfim, pela essência que estaria suportando e gerando a infinidade de formas observadas - vai na direção pré-vista por Freud e revitalizada por Lacan. Lembremos que o primeiro, antes mesmo de atribuir ênfase ao controverso conceito de Inconsciente, chegou a utilizar-se repetidamente do fundamental conceito de "sobredeterminação" - uma claríssima imagem daquilo que sempre resiste à unificação, hoje em lamentável desuso - sobretudo no momento inaugural da Psicanálise. Portanto, sugeriria que a diversidade na e da linguagem, sempre articulada ao pragmatismo de Wittgenstein (ou seja, à impossibilidade de se apartar o significado das palavras do uso que lhes damos) e à sua crítica a toda prática humana que tenha a pretensão de reservar um lugar secundário ao conceito é altamente harmônica à noção, cara à Psicanálise, de Inconsciente. Obviamente, desde que não se insira o Inconsciente em um contexto, digamos, psicologizante ou mentalista, contudo trate-o ao nível da exterioridade da linguagem (o que não deve nunca ser confundido com aquilo que hipoteticamente está fora-da-linguagem).

Um outro aspecto que me faz enxergar as sérias possibilidades de um debate entre um filósofo e a teoria psicanalítica é a formulação wittgensteiniana quanto à frivolidade de se buscar pela fundamentação da linguagem. Entendo que a constante mensagem freudiana, se me é permitido tal liberdade expressiva, vai no sentido da não-totalização, seja esta da personalidade, do conhecimento, da sexualidade, da verdade, da satisfação, etc. Isto é, é nesta trilha que haveremos de nos virar para sustentar finais-de-análise acessíveis para seres humanos e que, ao mesmo tempo, possam responder, de alguma maneira, pela especificidade deste conjunto de jogos de linguagem muito especiais chamados Psicanálise. Uma vez que somos, tal como anunciei mais ao início, seres eminentemente conceituais (23), portanto, seres lingüísticos, seres falantes, porque não averiguarmos seriamente os pontos nodais em que as formulações de Wittgenstein nos são úteis, ainda que, assim, tenhamos de denunciar uma série de idealismos sob a qual padece uma forma provinciana, ainda que não única, de se lidar com a obra de Lacan?

 

NOTAS

1-Guardo a esperança de que o próprio desenrolar deste texto possa legitimamente delimitar a História da Psicanálise como a História dos Conceitos da Psicanálise.

2- Cf. nota 5, mais à frente.

3- Creio ser possível sustentar que os temas deste parágrafo são, em suas linhas gerais, patrocinados pelo já não tão recente desdém que o meio analítico, sobretudo o ‘oficialmente’ lacaniano, tem para com os efeitos terapêuticos da Psicanálise (sim, efeitos sobre o sofrimento - por mais bizarra que possa soar tal expressão, nos tempos atuais). A meu ver, tais efeitos são, a despeito do status quo, altamente imprescindíveis para a manutenção e o desenvolvimento da Psicanálise em nossa contemporaneidade e, ao dizer tais coisas, não vejo nada que me obrigaria a compactuar com certos tons que parecem (e só parecem) estar dando coloração a este tema, a saber: inocentes esperanças acerca da dissolução do Mal-Estar. E lograríamos revalorizar os efeitos terapêuticos da Psicanálise com rigor e seriedade até mesmo se insistíssemos em deslocar somente no âmbito da obra lacaniana, contando que para tal nos permitíssemos outras formas de lidar com a leitura de um texto.

4-Também poderia ser lembrado que em relação ao que ocorre durante uma sessão analítica, Freud nos anuncia: "...a sessão prossegue como uma conversa entre duas pessoas." ( O método psicanalítico de Freud, 1903, v. VII, p. 234).

"... as palavras são também a ferramenta essencial do tratamento anímico." (Tratamento Psíquico, 1890, v. VII, p. 267).

"...as palavras são um bom meio de provocar modificações anímicas naquele a quem são dirigidas, e por isso já não soa enigmático afirmar que a magia das palavras pode eliminar os sintomas patológicos, sobretudo aqueles que se baseiam justamente nos estados psíquicos." (Ibid., p. 276).

E, em um de seus textos mais tardios, ele estabelece que a livre-associação (esta utilização das palavras ao longo do tratamento) é a "regra fundamental da análise" (Esboço de Psicanálise, 1938, v. XXIII, p. 201).

5-Nesta circunstância, estou fazendo alusão àquilo que está desenvolvido na parte V (intitulada ‘Il faut prendre le désir à la lettre’) de ‘La direction de la cure et les principes de son pouvoir’ ( LACAN, 1966, p.620).

6-Devemos notar que nesta forma de se visualizar a linguagem, que está na contramão daquelas diretrizes que aludi ao início deste texto, conhecer uma palavra ou aquilo que uma palavra significa é, em última instância, conhecer o objeto ao qual ela própria se refere. Portanto, a palavra se reduz a um veículo que conduz o nosso conhecimento para aquilo que ela mesma não é: a coisa (ou, se preferirem, a Coisa). É impossível para mim não me lembrar, neste instante, de um paralelo que pode ser efetuado nas, para não utilizar palavras de uma política efetuada em cima de muros, deploráveis atualidades da Psicanálise: conhecer o desejo por meio das palavras demandantes, o fantasma por meio do sintoma narrado pelo paciente, etc. (a despeito do próprio J. Lacan ter dito a nós que o inconsciente, esta envolvente invenção freudiana, não é da ordem de nenhuma Interioridade, contudo, de uma externalidade, de uma superfície que inovadoramente não se contrapõe a nenhum interior justamente por não haver nada deste tipo. Podemos, portanto, nos lembrar aqui do perspicaz ainda que hermético recurso lacaniano à Banda de Moebius para darmos conta de algo muito mais simples do que a própria figura parecia nos sugerir).

7-Esta idéia de que a linguagem funciona ostensivamente pode ser ilustrada com esta passagem das Confissões de Santo Agostinho: "Quando os adultos nomeavam um objeto qualquer voltando-se para ele, eu percebia e compreendia que o objeto era designado pelos sons que proferiam, uma vez que queriam chamar a atenção para ele. Deduzia isto, porém, de seus gestos, linguagem natural de todos os povos, linguagem que através da mímica e dos movimentos dos olhos, dos movimentos dos membros e do som da voz anuncia os sentimentos da alma, quando esta anseia por alguma coisa, ou segura, ou repele, ou foge. Assim, pouco a pouco eu aprendia a compreender o que designam as palavras que eu sempre de novo ouvia proferir nos seus devidos lugares, em diferentes sentenças. Por meio delas eu expressava os meus desejos, assim que minha boca se habituara a esses signos." (Citação feita pelo próprio Wittgenstein nas Investigações filosóficas, § 1).

8- Por exemplo, uma jabuticaba.

9- Por exemplo, um desejo.

10- Por exemplo, uma Idéia platônica.

11- Longe estou de colocar em primeiro plano uma crítica dos conceitos que aqui indiquei. Este até que poderia ser o caso primário, se não houvesse algo ainda mais urgente a ser feito: uma crítica dos modos como se utiliza-os, bem como das conseqüências que brotam daqueles modos, com a velocidade e alegria de cogumelos após a chuva.

12- Portanto, o que irei fazer não é mais do que um recorte de apenas um dos muitos aspectos envolvidos nas Investigações filosóficas, ainda que a meu ver tal aspecto não seja periférico, contudo, central. Conseqüentemente, este recorte não deve eclipsar a teia de interrelações entre os temas que formam o conteúdo daquele livro e, muito menos, evitar que o leitor fique advertido quanto ao fato daquela portentosa obra envolver "...often runs counter to 2,500 years of philosophizing" ( GLOCK, 1996: 284).

13- Este aspecto é de fundamental importância para o devido entendimento dos parágrafos finais deste texto.

14- Para facilitar a leitura, adotei as seguintes abreviaturas de algumas das obras de Wittgenstein: IF: Investigações filosóficas; LM: Livro castanho (também conhecido como Livro Marrom); LA: Livro azul.

Após a sigla IF, será encontrado um ou mais de um número precedido pelo sinal § . Trata-se do número do parágrafo de onde extraí a citação (visto que a primeira parte das IF, é dividida em 693 parágrafos ou seções). O mesmo ocorrerá com o Livro marrom (LM), cabendo a ressalva de que aí encontraremos algarismos romanos que indicarão a qual parte daquele livro estarei me referindo. Quanto ao Livro azul (LA), a indicação é a usual, isto é, por meio de páginas. As referências bibliográficas completas serão apresentadas, naturalmente, ao final deste texto.

15- A tese que sustenta o pensamento como algo singular e que, ademais, propõe que uma palavra só porta significado na medida em que ela transmite um pensamento (argumento altamente comum em toda configuração cognitiva da Psicologia bem como das outras áreas que daí retiram sua seiva) é uma tese totalmente antagônica ao procedimento de Wittgenstein e, como veremos, é justamente este antagonismo que irá demarcar seu, digamos, pragmatismo.

16- No Livro azul (1933-34), encontramos uma passagem semelhante: "... tudo o que aqui dizemos apenas pode ser compreendido se se compreender que uma enorme variedade de jogos é jogada com as frases da nossa linguagem: dar ordens e obedecer a ordens; colocar questões e responder-lhes; descrever um acontecimento; contar uma história fictícia; contar uma anedota; descrever uma experiência imediata; fazer conjecturas sobre acontecimentos no mundo físico; formular hipóteses e teorias científicas; cumprimentar alguém, etc., etc.." (LA, p. 117).

17- No que tange a esta heterogênea diversidade que estamos a frisar, podemos ainda indicar uma observação semelhante de Bouveresse: "... c’est seulement lorsqu’on le considère comme une abstraction que le langage possède unité et systématicité. Dans la réalité il n’y a que la variété indéfinie des jeux de langage et des situations linguistiques singulières." (BOUVERESSE, 1969: 327). E esta extrema variedade dos jogos de linguagem é, também, um dos elementos que afastará Wittgenstein da já mencionada tradição filosófica, aproximando-o, aos olhos de Rudolf Haller, daqueles que não se intimidam perante o universo das palavras: os retóricos e poetas (Cf. HALLER, 1990: 80).

18- Wittgenstein dirá, explicitamente, que "A linguagem é um instrumento. Seus conceitos são instrumentos." (IF, § 569; Cf. LA, p. 117).

19- Wittgenstein é, como já tive a oportunidade de assinalar, extremamente resistente ao uso de fórmulas gerais no que tange à linguagem. Esta resistência evidencia-se em dois nítidos momentos:

Primeiro: "Imagine que alguém dissesse: ‘Todas as ferramentas servem para modificar alguma coisa. Assim, o martelo, a situação do prego, a serra, a forma da tábua, etc.’ - E o que modificam o metro, a lata de cola, os pregos? - ‘Nosso conhecimento do comprimento de uma coisa, da temperatura da cola e da consistência da caixa.’ - Ter-se-ia ganho alguma coisa com a assimilação da expressão?" (IF, § 14).

Segundo: eleger uma característica como a característica fundamental dos jogos de linguagem é próximo à situação aonde alguém "... explicasse: ‘Jogar consiste em movimentar coisas sobre uma superfície de acordo com certas regras...’ - e nós lhe respondêssemos: você parece estar pensando nos jogos de tabuleiro, mas os jogos não são todos como estes. Você pode retificar sua explicação ao limitá-la expressamente a esses jogos" (IF, § 3).

20- Richard Rorty chama a nossa a atenção para uma incompatibilidade entre a linguagem como ferramenta e o essencialismo:

"Vendo a linguagem deste modo darwiniano [sic.], como fornecendo ferramentas para enfrentar objectos em vez de representações de objectos, e como fornecendo diferentes propósitos, obviamente torna-se difícil ser-se essencialista. Porque torna-se difícil tomar a sério a ideia de que uma descrição de A possa ser mais objectiva ou próxima da natureza intrínseca de A do que outra’: (RORTY, 1991 :275).

Ainda no que tange a este salto que há entre a "concepção de linguagem como representação" e a "concepção de linguagem como instrumento" (salto este coincidente com o próprio encaminhamento da produção filosófica que vai do chamado primeiro Wittgenstein ao segundo Wittgenstein), poderíamos acompanhar Sílvia Faustino que nos dirá o seguinte: "Não por acaso, a visão da linguagem como um instrumento que leva à ação vem a ser a alternativa que pretende desvincular a intencionalidade da linguagem da lógica da representação. É na perspectiva de uma crítica radical à concepção da linguagem como representação do mundo que a descrição do funcionamento da linguagem no segundo Wittgenstein vai desvincular-se da noção de uma estrutura lógica e uniforme e imanente à linguagem - a estrutura da representação - para vincular-se a uma estrutura antropológica..." (FAUSTINO, 1995: 32).

21- Há um outro momento das Investigações filosóficas em que Wittgenstein é mais direto ainda: "Olhe para o jogo de linguagem como a coisa primária!" (IF, § 656).

22- Todavia, nada do que proferi nas páginas anteriores tem como função substituir a leitura que todos os interessados devem fazer, o mais breve possível, das próprias Investigações filosóficas bem como de outros textos contemporâneos àquele (tais como: Livro azul, Livro marrom, Fichas, Da certeza). Aproveitaria a oportunidade para também indicar, como complemento e livro-de-consulta, A Wittgenstein dictionary (Cf. Referências bibliográficas).

23- Ao dizer que somos seres eminentemente conceituais estou sugerindo que tudo aquilo que se entende por "clínica" ou por "prática" é, antes de mais nada, sustentado, permitido, visto e encegecido por conceitos e não como muitos pensam (aqueles que se apóiam na idéia de que a linguagem e o conhecimento, de alguma maneira, têm características especulares, isto é, estão aí para refletirem o mundo, os dados, a natureza), por fatos puros (que supostamente seriam pré-conceituais). Portanto, nesta perspectiva, torna-se vazia a possibilidade de se trabalhar com a dicotomia ‘teoria - caso clínico’ ou ‘teoria - prática’. Conseqüentemente, estabelece-se como enganoso o ímpeto, por parte de alguns, a ardentemente irem ao encontro de casos clínicos no intuito de neles e somente neles apreenderem a vivacidade nua e crua do inconsciente, da pulsão, do fantasma, da sexualidade, etc.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BOUVERESSE, Jacques. La notion de "grammaire" chez le second Wittgenstein. Revue Internationale de Philosophie, Paris, 88/89, p. 319-337, 1969.

FAUSTINO, Sílvia. Wittgenstein; o eu e sua gramática. São Paulo: Editora Ática, 1995. 120p.

GLOCK, Hans-Johann. A Wittgenstein dictionary. Oxford: Blackwell , 1996. 405p.

HALLER, Rudolf. Wittgenstein e a filosofia austríaca; questões. São Paulo: EDUSP, 1990. 152p.

LACAN, Jacques. Écrits. Paris: Seuil, 1966, 920p.

RIBEIRO, Alexandre Simões. Caleidoscópio lingüístico de Wittgenstein; um estudo sobre a linguagem nas Investigações filosóficas. Belo Horizonte: UFMG, 1997. 265p. (Dissertação, Mestrado em Filosofia, Filosofia e Teoria Psicanalítica).

RIBEIRO, Alexandre Simões. Linguagem, invenção, psicanálise; algumas notas sobre o desejo. In: JORNADA DO ALEPH, 3, 1996, Belo Horizonte. Caderno de textos. Belo Horizonte: [s.n.], 1996. p.111-118.

RORTY, Richard. Pragmatismo. In: CARRILHO, Manuel Maria (dir.). Dicionário do pensamento contemporâneo. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1991. p. 265-277.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. (Trad. de Marcos G. Montagnoli). Petrópolis: Vozes, 1994. 350p.

WITTGENSTEIN, Ludwig. O livro azul. Lisboa: edições 70, 1992. 125p.

WITTGENSTEIN, Ludwig. O livro castanho. Lisboa: Edições 70, 1992. 135p.

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Revista de Psicoanálisis y Cultura
Número 9 - Julio 1999
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