Acheronta  - Revista de Psicoanálisis y Cultura
Função paterna e individualismo
Dumont e Lacan
Rosaura Oldani Felix

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...os sábios da história antiga, os patriarcas e os pais da raça
apresentam em suas vidas leis não escritas,
que Moisés passou mais tarde a escrito...
Neles, a lei consuma-se e torna-se pessoal 2

...[Moisés] inspirado pela lei e, assim, um homem régio.3

...veio aquele que era verdadeiramente rei e sacerdote [Cristo], ... tendo em vista a fragilidade humana... separou os ofícios dos dois poderes mediante funções e dignidades distintas... na intenção de que suas próprias [gentes] sejam salvas por uma humildade salutar...4

 

O objetivo deste trabalho é realizar uma primeira aproximação entre o discurso psicanalítico e a antropologia de Louis Dumont. Não temos a meta de, neste momento, esgotarmos as possíveis articulações que possam ser realizadas sobre o tema. No entanto, como nosso maior objetivo é analisarmos a ideologia individualista e a constituição do sujeito, consideramos ser fecunda a aproximação destes dois campos de saber, que em princípio, são distintos, mas que buscam compreender os fundamentos do sujeito contemporâneo.

Em primeiro lugar é fundamental que levemos em consideração as diferenças entre as duas abordagens em questão, e que precisemos de que maneira pretendemos aproximá-las. O que acreditamos ser de importância capital para podermos aplicar o discurso psicanalítico na análise da cultura é utilizarmos as concepções por ele formulados da maneira como Lacan os postulou, isto é, através da análise estrutural, que busca formalizar o campo a ser analisado, escapando aos psicologismos tão comuns nas ciências humanas

Em nossa dissertação de mestrado esboçamos aquilo que nos parece ser o ponto de encontro entre a constituição subjetiva e a cultura. Partimos da hipótese freudiana sobre o mito da horda primeva, elaborada em Totem e Tabu (Freud, 1912/13) 5. Ali demonstramos como tanto este mito quanto o mito de Édipo respondem ao mesmo fim, isto é, inserir o sujeito em um universo simbólico, conferindo-lhe um lugar, através da identificação assim tornada possível. Mostramos como esta estrutura de mito a qual Freud recorreu tanto para explicar a passagem do estado de natureza para o estado de cultura, quanto para explicar a constituição do sujeito particular, é da mesma ordem da estrutura da fantasia, inserindo o sujeito em seu universo simbólico.

Acompanhamos as análises que Lacan realizou de três personagens -- Antígona, Hamlet e Sygne --, mostrando como a subjetividade constituiu-se diversamente em momentos históricos distintos. Sendo Sygne considerada por Lacan o modelo do herói moderno, podendo-se articular sua constituição com a que elabora como a estrutura do mito individual do neurótico. Estas análises foram realizadas no sentido de demonstrar o estreito vínculo entre a ideologia e a constituição da subjetividade, tendo sido feita através do estudo das variações da figura paterna, ou melhor dizendo, das encarnações função paterna.

O que tornou-se cada vez mais evidente para nós, ao aprofundarmos o estudo dos mitos constitutivos, era que o papel desempenhado pelo pai, tanto no mito da horda primeva como no de Édipo, era de operar a equação simbólica. Sendo assim, não há por que ao pensarmos em função paterna, ligá-la de maneira inflexível ao pai. Mesmo porque, Lacan em diversos momentos de sua obra aponta a fragilidade desta figura, chegando mesmo a dizer que não há pai a altura de sua função (Lacan, 1970).

A posição do pai real tal como Freud a articula, ou seja, como um impossível, é o que faz que o pai seja imaginado necessariamente como privador. Não são vocês, nem ele, nem eu, que imaginamos, isso vem da própria posição. De modo algum é surpreendente que reencontremos sem cessar o pai imaginário. É uma dependência necessária, estrutural, de algo que justamente nos escapa, o pai real. E o pai real, está estritamente fora de cogitação defini-lo de uma maneira segura que não seja como agente da castração.

...A castração é a operação real introduzida pela incidência do significante, seja ele qual for, na relação do sexo. E é óbvio que ela determina o pai como esse real impossível que dissemos. 6

Nesta passagem do mesmo seminário Lacan aponta claramente para a função específica do "pai", operar a castração, sendo que esta nada mais é que efeito do significante. Em seguida ele irá examinar mais um dos textos de Freud, Moisés e o monoteísmo (Freud, 1938), trabalho central para a compreensão da função paterna. O que pode-se perceber é que tanto Freud quanto Lacan, quando tratam deste tema recorrem a análises que escapam e muito a figura do pai. Buscam sempre situações culturais no lugar de situações "familiares". Aqui cabe lembrar que Freud sempre afirmou que a história do indivíduo repete a história da espécie.

Se então tomarmos a função paterna como aquilo que introduz o operador lógico que sustenta o simbólico, função da castração, seu suporte imaginário pode ser o pai, o rei, o deus, etc.. Há vantagem em se considerar desta forma a função paterna, pois ao compreendê-la como uma estrutura lógica, podemos aplicá-la a várias situações, e principalmente, podemos sair do registro do indivíduo para o da cultura de maneira segura.

Compreendemos, então, que a função paterna é aquilo que vai permitir que se ordene a constituição subjetiva. Isto se realiza porque, seja qual for a ordem - indivíduo ou cultura -, teremos mitos que explicam a falta de gozo (Miller, 1992). Esta função em nossa cultura é, ou melhor, foi sustentada pela figura do pai, que como Lacan nos fala há muito está desgastada, estamos diante de uma situação que denominamos de declínio da função paterna, que preferiria substituir por declínio do pai, já que vimos acima que o que ocorre é uma modificação do agente que sustentará a função da castração. É em torno desta idéia de declínio que Lacan constrói o mito individual do neurótico, que seria a contrapartida do mito coletivo no homem de hoje, e que analisa as três tragédias.

Nossa hipótese de trabalho é - considerando os argumentos de inúmeros autores, entre os quais Lacan, Koyré e o próprio Dumont, nossa cultura surge com o judeu-cristianismo, que nos levou ao desenvolvimento do pensamento científico e a ideologia individualista, que é a marca distintiva do Ocidente e do homem contemporâneo - que a própria inauguração da nova crença, o judaísmo, abre o caminho para o processo de fragilização da função paterna (entendida como as encarnações do operador da castração). Veremos a seguir como se organizavam as culturas que não compartilham de nossa ideologia judaíco-cristã.

REPRESENTAÇÕES DA FUNÇÃO PATERNA

É interessante vermos como nas sociedades antigas que têm outra crença no lugar do judaísmo a paternidade não estava referida e encarnada em uma pessoa. Primeiramente porque a concepção7 era compreendida como um ato que unia poderes naturais a poderes sobrenaturais: os laços se realizavam por adoção, e tinham por objetivo fornecer aos indivíduos uma função na pólis.8 Nas sociedades de tipo tribal ainda encontramos esta mesma estrutura, isto é, os cuidados com os indivíduos em idade de assumir uma função social são encargo de outros membros que realizam sua inserção; o indivíduo não pertence a seus pais, mas ao grupo, e como tal terá que ocupar uma posição social 9.

Nesse tipo de organização vemos que a função de interdição é efetivamente realizada por um Outro que não está encarnado, é representado pelo socius, o que permite que o indivíduo venha a se realizar como sujeito ao ocupar um lugar nessa cultura. Segundo Vernant 10, a noção de individualismo na Grécia Antiga estava ligada à inscrição da marca individual (do nome próprio) em uma função social, em conseguir ingressar na história de seu grupo, poder ser cantado pelo aedo.11 Em outras palavras, o sujeito emerge quando o indivíduo se insere como significante em um universo simbólico. Detienne, nos mostra em Os mestres da verdade na Grécia Antiga 12, que para ser reconhecido, escapar a lethé (esquecimento), o indivíduo dependia da palavra verdadeira, alethéa, que era proferida pelo poeta, pelo rei ou pelo oráculo, únicos possuidores deste poder. Portanto, podemos entender que a função paterna, era operada por um destes detentores da palavra eficaz, pois é somente a partir deles que o sujeito toma existência. Assim, temos confirmado que a função de operador lógico é exercida por outros que não o pai biológico, o qual nestas culturas não detinha poder algum sobre os filhos, esta função era exercida por representações institucionais da sociedade (Estado, religião, e a poesia que ocupava o lugar do podemos chamar de história).

Somente com o surgimento do judaísmo, onde houve um rechaço de todo esse saber de ordem sexual que não confundia herança com biologia, é que a paternidade passa a ser encarnada em uma pessoa. No entanto, o indivíduo, apesar de estar vinculado diretamente a um pai identificado e nomeado, mantém sua relação com o grupo. Isso é sustentado através da herança, ou seja, o indivíduo que recebe um nome é encarregado de sua transmissão, da mesma forma que deve manter as tradições de seu povo.13 Aqui já há uma mudança considerável de registro: entra-se no registro antropológico; começa a se esboçar o campo do indivíduo, o Outro encontra uma encarnação fora das instituições sociais, um nome que o situa como indivíduo, apesar de ainda manter um vínculo forte com a história de um povo.

Com o advento do cristianismo, vemos que são abolidos todos os laços que não sejam de indivíduo a indivíduo; não há mais um nome a ser transmitido, nem a pertença a uma raça. Ser cristão é uma opção individual, e a paternidade fica de vez vinculada a uma pessoa individual. Não há herança, cada um deve buscar seu pleno desenvolvimento para alçar ao reino de Deus.14 Nessa configuração, a religião e, por conseguinte, a própria paternidade não ocupam a posição que sempre detiveram, isto é, de unir o indivíduo ao socius; este laço é definitivamente rompido. É a religião do indivíduo, que o desobriga de qualquer relação ao grupo a que pertence.

LOUIS DUMONT

Aqui cabe introduzir o pensamento de Dumont sobre o individualismo, para quem esta é uma ideologia impossível, já que para ele a estrutura se organiza não somente com a oposição significante, mas também através de uma diferença de valor que denomina de hierarquia. A mesma idéia de impossibilidade desta ideologia está presente na psicanálise, já que esta sustenta que a constituição do sujeito se dá em torno de um operador lógico que definimos como função paterna, que permite ordenar o universo simbólico. Para Dumont o que ocorre é um reviramento da estrutura que passaremos a explicar, para posteriormente podermos verificar as articulações entre este e a psicanálise.

Método:

Dumont rompe com a noção de "senso comum" e "ideológica" que temos sobre o conceito de indivíduo monádico e substantivo. Parte das formulações de Lévi-Strauss sobre estrutura e de sua aplicação da lingüística a antropologia. Começou sua pesquisa com o estudo da sociedade de castas da Índia, inclinando-se, posteriormente, a buscar universais do pensamento, acreditando poder encontrar em outras sociedades de forma macroscópica o que na nossa é indefinido ou inaparente. Seus últimos trabalhos seguem uma linha que se caracteriza pela desmontagem da noção de indivíduo a partir de uma anterioridade do todo à parte chamada holismo, mais observável nas sociedades hierarquizadas, consideradas por ele como universal (como princípio inerente a todo pensamento).

Para Dumont o método é o comparativo estrutural, portanto sempre de sistemas de diferenças, nunca de elementos isolados, mesmo porque, para ele, os elementos são sempre manifestações derivadas do todo anterior e nada substantivo. "Eu acredito que a hierarquia não é, essencialmente, uma cadeia de mandamentos superimpostos, nem uma cadeia de seres de dignidade decrescente, nem mesmo uma árvore taxionômica, mas uma relação que pode sucintamente ser chamada de "englobamento de contrários"".15 A idéia de englobamento do contrário nega a complementariedade do significante, dos pares de oposição, modifica profundamente o pensamento estruturalista, negando também o individualismo.

Esses pressupostos, Dumont, os retira da obra de Mauss, principalmente a ênfase que este atribuía a diferença. Dessa ênfase distingui dois aspectos:

Um aspecto geral: Mauss recusa deter-se no que as sociedades teriam em comum, negligenciando suas diferenças. Seu "fato social total" é, por definição, um complexo específico de uma dada sociedade, impossível de se sobrepor a qualquer outro. Isto é, não existe fato sociológico independentemente da referência à sociedade global em questão.

O aspecto mais importante: entre as diferenças, há uma que domina todas as outras. É aquela que separa o observador, como portador das idéias e valores da sociedade moderna, daqueles que ele observa. Isto é, é imprescindível esforçar-se por construir aqui e lá fatos comparáveis; para verdadeiramente compreender as culturas a serem estudadas.

Em suma sua idéia de método é a seguinte:

... só se pode falar de "espírito humano" a partir do instante em que duas formas diferentes são incluídas numa mesma fórmula, em que duas ideologias distintas se apresentam como duas variantes de uma ideologia mais ampla. Esse movimento de inclusão, sempre a renovar, aponta o espírito humano simultaneamente como seu princípio e como seu limite. 16

Se se considera os sistemas de idéias e valores, pode-se ver os diferentes tipos de sociedades como representantes de outras tantas opções diferentes, entre todas as alternativas possíveis. Isto não basta para consolidar a comparação, para formalizá-la. Cumpre, então, levar em conta, em cada sociedade ou cultura, a importância relativa dos níveis de experiência e de pensamento que ela reconhece, ou seja, usar os valores mais sistematicamente do que têm sido feito, isto porque, o nosso sistema de valores determina toda a nossa paisagem mental. Em outras palavras, a hierarquia interna da cultura é essencial para a comparação.

Assim para ele o princípio hierarquizante pressupõe a noção de valor, isto é, se partirmos do todo não substantivo, para criarmos qualquer oposição classificatória temos que supor um valor diferencial que marque a relação entre seus dois pólos. Com isto ele esclarece algumas questões fundamentais, como por exemplo: predomínio da mão direita. Partindo-se de um todo corporal que é antecipado na linguagem pelo nome próprio, só justifica a classificação de suas partes através de uma assimetria, ou valor diferencial, por haver tal nomeação que se coloca então como marcada no pensamento pelo predomínio motor de uma das metades, uma hierarquia em que direita engloba esquerda representando-a, e portanto, no seu encompassamento esquerda representará direita. "As mãos não podem ser iguais numa situação qualquer porque elas são sempre vistas em relação a um todo que as define e as organiza.17" Isto também responde à questão da assimetria observada por Levi-Strauss nas organizações dualistas.

O mesmo ocorrerá em todo o universo do discurso, isto é, em todas as atividades e em todo o pensamento humano.

Fig. 118 : propõe que de uma oposição colocada como dois opostos que se eqüivalem, sua soma (complementariedade) preenche o universo do discurso.

Fig. 219: oposição hierárquica, um dos opostos é coextensivo com o todo o universo do universo do discurso e o outro é colocado dentro do primeiro como um retângulo mulher contido em homem. Mulher pertence a homem e ao mesmo tempo dele difere.

Para Dumont:

... a mais clara formulação é conseguida por combinar e separar os modelos em dois níveis. No nível superior há unidade, no segundo há distinção, como na fig. 1 há complementariedade ou contradição. A hierarquia consiste na combinação das duas proposições concernentes aos diferentes níveis. Mas tão logo nós tenhamos incluído os dois níveis temos um escândalo lógico, porque não existe ao mesmo tempo identidade e contadição. 20

É nesse escândalo que Dumont insere o ambíguo, o inefável em qualquer classificação, esse ser e não-ser simultâneos que impediu por muito tempo a compreensão do sistema de castas, pois o pensamento moderno tende a refutá-lo.

A noção de encompassamento é difícil de ser compreendida. O encompassamento, isto é, quando há níveis ele pode se inverter, se revirar, e o valor englobador troca de lugar com o englobado que passa a representar o todo do universo do discurso. O encompassamento só ocorre no segundo nível, pois este é determinado pelo primeiro nível, que é sempre prevalente e anterior, isto é equivale ao todo. Para melhor compreendermos vejamos o exemplo que Dumont utiliza .

Englobamento de mulher por homem (Dumont, 1985:370): Adão, isto é, o homem como espécie é criado num primeiro nível -- no Gênese, versículo 24: eles serão apenas uma carne --, num segundo é criada a mulher de uma parte de Adão, tornando-se Adão homem e Eva mulher, como marca da diferença sexual, tendo sua unidade assegurada devido à sua referência ao nível 1. No entanto, havendo simultaneamente os dois níveis, isto é, o englobamento de mulher por homem, a mulher é e não é, ao mesmo tempo, idêntica a si mesma, isto é, no primeiro nível só há o homem (espécie) aí estando as mulheres incluídas, no segundo nível mulher e homem, como diferentes sexualmente, se opõem e se complementam. No entanto, no encompassamento, efeito imprescindível dessa lógica, ela ocupa todo o universo do discurso englobando homem, possível somente no nível 2, pois é necessário que o nível 1 se mantenha, para garantir a unidade.

No nível 1 mulher está contida em homem (mulher É homem, ou homem Ì mulher), sendo o conjunto igual a homem (homem È mulher = homem). No nível 2 temos a disjunção de homem e mulher (homem Ç mulher), podendo neste nível mulher encompassar homem, por exemplo: no direito sobre os filhos; mantendo-se no entanto, no nível 1 em posição inferior. No nível 2 a relação de inferioridade observada no nível 1 (homem engloba mulher), pode inverter-se, mas esta relação só é possível se preservarmos o nível 1 intacto, já que ele é que equivale ao conjunto homem (homem È mulher = homem).

... Essa relação hierárquica é muito geralmente aquela que existe entre um todo (ou um conjunto) e um elemento desse todo (ou desse conjunto): o elemento faz parte do conjunto, é-lhe nesse sentido consubstancial ou idêntico, e ao mesmo tempo dele se distingue ou se opõe a ele. É isso que designo com a expressão englobamento do contrário.21

A oposição hierárquica como foi definida, a relação entre englobador e englobado, ou entre conjunto e elemento, é para ele tão indispensável para o pensamento estrutural como a oposição distintiva ou relação de complementariedade da antiga posição.

Individualismo

Como Dumont, a partir deste método, pensa a sociedade Ocidental Moderna, ou individualista? Ele parte do princípio que a configuração individualista de idéias e valores, tão familiar para nós, não existiu sempre nem apareceu de um dia para o outro. Fez-se remontar a origem do individualismo a uma época mais remota, segundo, sem dúvida, a idéia que dele se fazia e a definição que se lhe dava. Deve-se poder, numa perspectiva histórica, desvendar a gênese da configuração em questão em suas principais articulações.

Ele postula que algo do individualismo moderno está presente nos primeiros cristãos e no mundo que os cerca, mas não é exatamente o mesmo que para nós. "O pedigree do individualismo moderno é duplo: uma origem ou aceitação de uma certa espécie, e uma lenta transformação numa outra espécie."22

Sua hipótese para o surgimento do individualismo é a seguinte: o indivíduo aparece na sociedade tradicional holista, como indivíduo-fora-do-mundo (em oposição a ela, como uma espécie de suplemento) de maneira semelhante ao renunciante da sociedade da Índia, e lentamente se transforma em indivíduo-no-mundo. Para ele algo do individualismo moderno está presente nos primeiros cristãos, e a religião foi o fermento na generalização e evolução da fórmula.

Ele parte da idéia do renunciante indiano, que se constitui em um indivíduo-fora-do-mundo, isto é, diferentemente de nós que vivemos em sociedade, ele se coloca fora dela, para propor que o individualismo moderno surge desta mesma separação. O que se depreende do ensinamento de Cristo é que o homem é um indivíduo-em-relação-com-Deus, o que significa essencialmente que é um indivíduo-fora-do-mundo. O cristianismo encontra solo fértil para se propagar porque introduz o mesmo tipo de indivíduo que os helenistas (na figura do sábio, aquele que renuncia a sociedade, portanto um indivíduo-fora-do-mundo, mas que mantinha um tipo de relação com esta bastante particular). A verdade para os gregos só era dada ao sábio que renuncia, da mesma forma que ao renunciante indiano.

...Decorre dos ensinamentos de Cristo e, em seguida de Paulo, que o cristão é um indivíduo-em-relação-com-Deus. Existe, diz Troeltsch, "individualismo absoluto e universalismo absoluto" em relação a Deus. A alma individual recebe valor eterno de sua relação filial com Deus e nessa relação se funda igualmente a fraternidade humana: os cristãos reúnem-se no Cristo, de quem são membros. Essa extraordinária afirmação situa-se num plano que transcende o mundo do homem e das instituições sociais, ainda que estas procedam também de Deus. O valor infinito do indivíduo é, ao mesmo tempo, o aviltamento, a desvalorização do mundo tal como existe: é postulado um dualismo, estabelece-se uma tensão que é constitutiva do cristianismo e atravessará toda a história.23

O que decorre deste ensinamento é uma relativização da ordem mundana, já que se subordina aos valores absolutos. Inaugura-se uma dicotomia ordenada. "O individualismo extramundano engloba reconhecimento e obediência quanto às potências deste mundo. "24 Graficamente pode-se visualizar da seguinte maneira: dois círculos concêntricos, sendo o maior a representação do individualismo-em-relação-com-Deus, e o menor a aceitação das necessidades, deveres e obediências no mundo, isto é, a inserção em uma sociedade pagã.

... O que acontecerá na história é que o valor supremo exercerá pressão sobre o elemento mundano antitético que ele encerra. Por etapas, a vida mundana será assim contaminada pelo elemento extramundano até que, finalmente, a heterogeneidade do mundo dissipa-se por completo. Todo campo estará então unificado, o holismo terá desaparecido da representação, a vida no será concebida como suscetível de harmonizar-se totalmente com o valor supremo, o indivíduo-fora-do-mundo se converterá no moderno indivíduo-no-mundo. Está aí a prova histórica do extraordinário poder da disposição inicial.25

Segundo Dumont a Igreja é que sustentará esta situação de pressão que permitiu a lenta transformação. Mas ela também se constitui em um instrumento intelectual que possibilita o pensar as instituições mundanas a partir da verdade extramundana. Os primeiros padres buscaram nos estóicos a idéia de uma Lei da Natureza.

...a idéia diretora é a idéia de Deus como Lei da Natureza universal, espiritual-e-física, que reina uniformemente sobre todas as coisas e como lei universal do mundo ordena a natureza, produz as diferentes posições do indivíduo na natureza e na sociedade, e torna-se no homem a lei da razão, a qual reconhece Deus e, assim, é una com ele... A Lei da Natureza comanda, pois, de uma parte, a submissão ao curso harmonioso da natureza e ao papel atribuído a cada um no sistema social; e, de outra, a elevação interior acima de tudo isso, a liberdade ético-religiosa e a dignidade da razão, a qual, sendo una com Deus, não poderia ser perturbada por nenhum evento exterior ou sensível.26

No mundo, então, reina Deus, isto é, a Lei da Natureza, ou a razão, desta forma, a natureza no homem converte-se em razão. Assim a vida depois de Cristo é uma mescla: inaugura uma transição entre os homens ainda não resgatados do Antigo Testamento e o cumprimento da esperada promessa com o retorno do Messias. No meio desse processo, os homens só têm o reino de Deus em si mesmos.

Resumindo sua proposta Dumont escreve:

...O indivíduo como valor era então concebido como alguém situado no exterior da organização social e política dada, estava fora e acima dela, um indivíduo-fora-do-mundo em contraste com o nosso indivíduo-no-mundo. ... os primeiros séculos da história da Igreja mostravam os primórdios da adaptação ao mundo desse estranho ser. No começo, sublinhamos a adoção da Lei da Natureza dos estóicos como um instrumento racional para a adaptação à ética mundana dos valores extramundanos. ...Inicialmente, o Estado está para a Igreja como o mundo para Deus. ...Depois que a conversão do imperador e, em seguida, do império impuseram à Igreja uma relação mais estreita com o Estado, Gelásio I desenvolveu uma fórmula lógica da relação a que podemos chamar uma diarquia hierárquica. ...Depois, no século VIII, produz-se uma mudança dramática. Por uma decisão histórica, os Papas rompem seu vínculo com Bizâncio e arrogam-se o poder temporal supremo. ...A Igreja pretende agora reinar, direta ou indiretamente, sobre o mundo, o que significa que o indivíduo cristão está agora comprometido no mundo num grau sem precedentes.27

vontade Essa lenta transformação alcança seu ápice, segundo Dumont, com Calvino. Com ele o elemento mundano antagônico desaparece. Unificando o campo completamente, isto é, agora o indivíduo está no mundo. O que clarifica esta inversão são três elementos fundamentais da doutrina calvinista: concepção de Deus como vontade, predestinação e cidade cristã como o objetivo precípuo da do indivíduo.

Para Calvino, Deus é essencialmente vontade e majestade. Isso implica uma distância: Deus está, neste caso, mais longe do que precedentemente. Lutero expulsara Deus do mundo ao rejeitar a mediação institucionalizada na Igreja católica.... Mas, para Lutero, Deus ainda é acessível à consciência individual pela fé, o amor e, numa certa medida, pela razão. Em Calvino, o amor cai para segundo plano, e a razão somente se aplica neste mundo. Ao mesmo tempo, o Deus de Calvino é o arquétipo da vontade, no qual pode ver-se a afirmação mais forte do indivíduo, oposta, se necessário, ou superior à razão.28

Para Calvino o homem é absolutamente impotente diante de Deus, no entanto, alguns são eleitos para satisfazer a vontade divina, enquanto outros são condenados à reprovação. O eleito deve trabalhar para a glorificação de Deus no mundo, assim, ele exerce sua vontade na ação, e esta é a única marca de sua eleição. Este trabalho, que o submete absolutamente a Deus, o faz participar efetivamente de Deus, já que contribui para a realização de seus desígnios. Aqui não temos o indivíduo vivendo em um meio antagônico e irredutível (o mundano), ao qual só lhe resta subordinar. Com o calvinismo vemos o indivíduo submisso à vontade de Deus.

A partir do papel do eleito, pode-se deduzir que o reino de Deus tem que ser construído na terra graças a seus esforços. Há com isso profundas mudanças na concepção cristã. Há uma recessão dos aspectos místicos e afetivos. Cristo é o chefe da Igreja, não mais o Papa; os ensinamentos de Cristo não são adequados para a regulamentação da vida na cidade terrestre, assim o Sermão da Montanha desaparece, dando lugar ao decálogo. E o fundamental é que a predestinação permite ao indivíduo suplantar a Igreja.

Visualização da ideologia individualista em termos de estrutura hierárquica

No primeiro diagrama temos a representação tradicional da estrutura que opõe suas partes, sociedade e indivíduo são contrários e se complementam. Assim, se temos a sociedade, excluímos o indivíduo, e vice-versa. As combinações possíveis são restritas.

Já no segundo diagrama temos a estrutura hierárquica, que contém o primeiro diagrama e ainda acrescenta combinações novas. Isto é, no primeiro nível temos sociedade englobando o indivíduo, por ser sociedade igual ao conjunto -- mesmo esquema que utilizamos para explicar o par homem-mulher. No segundo nível, se estivermos diante de uma sociedade de tipo tradicional, como por exemplo a de castas da Índia ou a República de Platão29, sociedade permanece englobando indivíduo, já que o indivíduo somente é concebido se inserido no todo social. Mas se estivermos em uma sociedade moderna ocidental teremos no segundo nível indivíduo encompassando sociedade, mas somente neste nível. Isto porque mesmo neste tipo de ideologia, não temos como definir indivíduo sem referi-lo ao todo social.

O que Dumont pretende mostrar tanto em seu exemplo do par homem-mulher, como no sociedade-indivíduo é que há um elemento do par que irá sempre representar o todo. Da mesma forma que mulher não poderá ocupar nos dois níveis a posição superior (englobadora), pois homem é que representa a espécie; indivíduo também não poderá ocupar a posição superior nos dois níveis, pois só há indivíduo se referido a sociedade, que o funda.

CONCEPÇÃO PSICANALÍTICA DA FUNÇÃO PATERNA

Para compreendermos como se dá a relação do homem consigo mesmo e o mundo, é fundamental que deslindemos esse processo único do qual dependemos de maneira vital. A psicanálise é o único saber que mantém a "... relação da medida do homem consigo mesmo -- relação interna, fechada em si mesma, inesgotável, cíclica, ...".30 Outros saberes tentam compreender o homem isolando-o, tomando-o como um objeto destacável, desconsiderando que sua existência mesma está condicionada ao cenário que compõe a cena.

Ao buscarmos na obra de Freud o lugar do pai o encontramos a partir de três referências: o pai do Édipo, do Totem e Tabu e o pai de Moisés e o monoteísmo. O que Lacan nos mostra de comum nestes três representantes da função paterna, a partir de sua crítica ao Édipo -- principalmente no que se refere ao sujeito moderno31-- é relativo ao gozo, isto é, como ele pode se distribuir, e por que não temos o gozo que deveríamos ter. Nesta mesma linha Lacan nos mostra como o pai é apenas uma figura de teatro, representa a função, pois ela é muito mais ampla. Como mostramos acima é através da instauração da linguagem, que submete o homem a uma perda, cria-se uma ordenação de outro nível, que busca ordenar, apesar de nunca completamente, a hiância criada pela desnaturalização que a fala promove.

Lacan irá definir como significante-mestre, aquilo que em nossa cultura veio a ocupar este lugar, isto é, o pai, da mesma forma que o Édipo freudiano. Uma lei comum que inscreve todos os sujeitos da mesma maneira, e que os obriga a ser um, a ter uma identidade definida e diferenciada. Esta forma contrapõe-se as formas apresentadas nas culturas que se apóiam em mitos, que permitem múltiplos significantes-mestres, isto é, que o sujeito se represente de diferentes maneiras, inclusive relativamente a quem se endereça e a situação em que se encontra.

Para ele o discurso do mestre, que a nosso haver instaura-se com o judeu-cristianismo, recalcou este saber do mito que permite a diversidade, e além disso mostrou-se afim com a ciência. Isto é, com a instauração da nova crença, temos uma aniquilação, gradativa como vimos com Dumont, da diferença. Começa-se pela criação do indivíduo-em-relação-a-Deus, onde todos são iguais, até a instalação, com a Reforma Protestante, do indivíduo-no-mundo, que dá origem a noção do indivíduo do direito moderno, todos são iguais perante a lei. Há somente uma maneira de inscrição, determinada pela criação do monoteísmo ocidental, que espalha-se, laicizando a idéia inicial. Esta expansão tem proporções bastante grandiosas, pois como nos lembra Lacan, que tomou em análise alguns africanos, que acabavam apresentando a estruturação subjetiva a partir do Édipo, e não dos mitos característicos de suas culturas.

No entanto, para ele o inconsciente é o resultado deste recalque do saber mítico, que através do retorno do recalcado, faz sua aparição, principalmente no mal-estar com identidade exigida pelo discurso do mestre. Essa unificação, essa impossibilidade da diferença, e a exigência da identificação do sujeito a imagem unificada imaginária, leva a sua fratura, e consequentemente ao mal-estar.

COMPARAÇÃO ENTRE A CONCEPÇÃO DE DUMONT E DA PSICANÁLISE

A partir do que foi exposto, verifica-se que, na hipótese de Dumont, o surgimento do judaísmo realiza uma retirada de Deus do mundo. Se retomarmos nossa hipótese anterior, de que esta nova religião modifica as possíveis representações da função paterna, podemos perceber que a postulação de Dumont é pertinente à nossa proposta. O que ele denomina de retirada de Deus do mundo, nada mais é que a impossibilidade de representar nas instituições sociais -- agora tornadas antagônicas (mundano) -- a Lei de Deus. Ela fica unificada em um só Deus (que não permite representação), podendo ser transmitida pelo pai, através do nome, inaugurando assim nossa cultura.

O cristianismo retoma esta unificação, e realiza um aprofundamento desta, a partir da concepção do indivíduo-fora-do-mundo. Esta concepção permite igualar todos os homens diante de Deus, buscando aniquilar as diferenças, antes representadas pelas diversas possibilidades de encarnação das inscrições subjetivas. Cada vez mais o indivíduo torna-se estranho ao mundo, diante do qual não há possibilidade de integração. A Igreja durante o período de transição, irá assumir o papel de representante de Deus, através de seus dignatários. Mas como vimos, com a Reforma, a concepção de impossibilidade de representar Deus, é retomada. Aqui, como nos mostra Dumont, Deus está definitivamente fora do mundo, ou seja, não pode haver representação da Lei, a não ser na consciência de cada indivíduo, na vontade dos eleitos. E não há mais razão para a tensão que existia anteriormente, entre o mundano e o extramundano, uma vez que Deus está presente na vontade do indivíduo, este pode cumprir seus desígnios sem intermediação.

É fundamental que lembremos que a ciência tem como momento inaugural o cogito cartesiano, que foi concebido no mesmo panaroma histórico que a Reforma. Descartes chegou a lutar em defesa da Igreja, mas era um homem culto que apesar das diferenças religiosas, tinha acesso a todos os ambientes. Sua proposta filosófica é pertinente ao espírito da época, acabar com os equívocos, erros que a percepção ocasiona, e unificar, através da razão, todo o conhecimento do homem. Além disso, é ele quem inaugura o discurso do indivíduo no campo do saber, é o primeiro filósofo a escrever em nome próprio, e a usar sua própria experiência subjetiva como guia.

Lacan já em 1948 no seu relatório apresentado no XI Congresso dos Psicanalistas de Língua Francesa - A agressividade em psicanálise - nos alertava sobre os efeitos dessa "... ausencia creciente de todas esas saturaciones del superyó y del ideal del yo que se realizan en toda clase de formas orgánicas de las sociedades tradicionales..." . Para ele como para o próprio Freud, que se pergunta em O mal-estar na civilização (Freud, 1930), sobre o destino do homem que torna-se a cada dia mais um "Deus de prótese". Ambos estão, a nosso ver, inquirindo sobre a regulação do gozo, uma vez que o homem tornando-se cada vez mais capaz de, para Freud, defender-se dos riscos que lhe atormentam, que o obrigavam a coexistir, e submeter-se a leis gerais representadas nas diversas instituições sociais, acabariam por viver no furor das paixões desregradas. E para Lacan, este mesmo homem torna-se prisioneiro de seu mito individual, não tendo possibilidade de reviver sua inscrição no universo simbólico, através das formas culturais.

Verificamos assim que a hipótese de Dumont sobre o nascimento do individualismo com o judeu-cristianismo, é bastante próxima, na linguagem psicanalítica, do declínio do que denominamos de função paterna. Gostaríamos de lembrar que não é uma decisão arbitrária de nossa parte, adotarmos como compreensão da "função paterna", as representações da castração, sendo a nosso ver uma demonstração de cuidado por parte de Lacan, ao estudá-la a fundo no seminário sobre a Ética (Lacan, 1959), ter buscado a tragédia, modelo que escapa a concepção ocidental moderna de família. É também com o judaísmo que se inaugura esta colagem da Lei ao pai, já demonstrando aí o primeiro passo no sentido da falência das representações que regulam o gozo.

Esperamos ter conseguido demonstrar que é possível uma aproximação entre a antropologia de Dumont e a psicanálise. Sendo que os frutos desta aproximação podem nos levar a compreensão mais ampla de nossa cultura hoje, e portanto do mal-estar na contemporaneidade, que acaba por aportar em nossos consultórios nos sintomas de nossos pacientes. Como mostramos em nosso trabalho de mestrado que os sintomas são determinados de acordo com as possibilidades culturais, e sendo traço característico da atualidade sintomas relacionados com uma desregulação excessiva do gozo, isto é, vemos o sujeito em sofrimento profundo, devido à impossibilidade de encontrar meios de regular seus impulsos, trazendo a cena desde a entrega ao gozo feroz da toxicomania, até a tentativa exagerada de controle da síndrome do pânico. É por esta razão que consideramos de capital importância buscarmos deslindar como chegamos a este tipo de configuração subjetiva, e quais as conseqüências que podemos esperar para subjetivação e a teoria e prática da psicanálise nesta situação. Abaixo citamos um trecho de Lacan, que julgamos ser norteador da questão aqui exposta.

La relativización de nuestra sociología por la recopilación científica de las formas culturales que destruimos en el mundo, y asimismo los análisis, marcados con rasgos verdaderamente psicoanalíticos, en lo que la sabiduría de un Platón nos muestra la dialéctica común a las pasiones del alma y de la ciudad, pueden esclarecernos sobre las razones de esta barbarie32. Es a saber, para decirlo en la jerga que responde a nuestros enfoques de las necesidades subjetivas del hombre, la ausencia creciente de todas esas saturaciones del superyó y del ideal del yo que se realizan en toda clase de formas orgánicas de las sociedades tradicionales, formas que van desde los ritos de la intimidad cotidiana hasta las fiestas periódicas en que se manifiesta la comunidad. Ya sólo las conocemos bajo los aspectos más netamente degradados. ... Comunidad inmensa -- en el límite entre la anarquía "democrática" de las pasiones y su nivelación desesperada por el "gran moscardón alado" de la tirania narcisista --, está claro que la promoción del yo en nuestra existencia conduce, conforme a la concepción utilitarista del hombre que la secunda, a realizar cada vez más al hombre como individuo, es decir en un aislamiento del alma cada vez más emparentado con su abandono original.33

Notas

2 Hirzel, in: Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 48.

3 Clemente de Alexandria, in: Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 48.

4 Gelásio I, in: Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 56.

5 Todas as referências de Freud encontram-se em:FREUD, S., 1972-80 -- Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud [ESB], 24 vols, Imago, Rio de Janeiro.

6 LACAN, J. --- O seminário: Livro XVII - O avesso da psicanálise, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro,1992

7 vale lembrar que apesar de não terem conhecimento da fisiologia da concepção, nenhuma culturas ignorava o papel do ato sexual. Isto fica demonstrado através dos ritos de fertilidade que freqüentemente envolvem a cópula (Levi-Strauss, 1988)

8 MOINGT, J. - Religion et paternité- in: LITTORAL nº 11/12, Editions Erès Toulouse.

9 LÉVI-STRAUSS, C. , 1991 -- Antropologia Estrutural, Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 4ª edição.

10 VERNANT, J-P., 1978 -- A bela morte e o cadáver ultrajado - in: Discurso nº 9, EDUSP, São Paulo.

11 VERNANT, J-P. - O indivíduo na cidade - in: Indivíduo e poder

12 DETIENNE, M., 1988 -- Os mestres da verdade na Grécia arcaíca, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro.

13 MOINGT, J. - Religion et paternité- in: LITTORAL nº 11/12, Editions Erès Toulouse.

14 Ibidem.

15 Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 370.

16 Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg.

17 Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 373.

18 Relações lógicas possíveis: È (união, representando o todo),Ù (e, adição) e Ú (ou, inclusivo e exclusivo).

19 Relações lógicas possíveis: È (união, representando o todo),Ù (e, adição) e Ú (ou, inclusivo e exclusivo); e mais: Ç (disjunção), É (está contido), Ì (contém).

20 Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 372.

21 Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 370.

22 Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 36.

23 Ibidem, pg. 43.

24 Ibidem, pg. 44.

25 Ibidem, pg. 45.

26 Troeltsch, E., in: Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 46.

27 Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 62.

28 Dumont, L. - O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna - RJ:Rocco, 1985, pg. 65.

29 Ou como definimos acima sociedade que tem outra ideologia que a judaíco-cristã.

30 LACAN, J. , 1987- O mito individual do neurótico - in: FALO Revista brasileira do campo freudiano, número 1, Fator Editora, Bahia, pg.9.

31 verificar: O seminário, LivroVIII - A transferência - RJ:Jorge Zahar Ed, 19

32 O grifo é nosso.

33 Lacan, J., 1990 - Escritos- Siglo Veintiuno Editores, México, 2 vols.,- vol. I, pgs 113 e 114.

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Revista de Psicoanálisis y Cultura
Número 13 - Julio 2001
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