Acheronta  - Revista de Psicoanálisis y Cultura
A verdade como causa em Lacan
Ubiraja Cardoso de Cardoso

 

"A princípio, portanto, não me decido quanto à vocação de ciência da psicanálise. Porém, pode-se observar que ano passado tomei como fio condutor um certo momento do sujeito que considero um correlato essencial da ciência: um momento historicamente definido do qual talvez devamos saber se é estritamente repetível na experiência, aquele inaugurado por Descartes e que se chama o Cogito. Este fio não nos guiou em vão, uma vez que nos levou a formular nossa divisão experimentada do sujeito, como divisão entre o saber e a verdade..." (J. Lacan, A ciência e a Verdade, Escritos p. 870).

Esta citação de Lacan vem impressa já no frontispício do livro de Jean-Claude Milner chamado a Obra Clara – Lacan, a ciência, a filosofia. Não será por menos.

O que é uma obra? Milner decidirá defini-la como uma forma que organiza a cultura. Remetemos de imediato à leitura de seu texto pois não podemos resumi-lo aqui, nem é nosso interesse fazê-lo. Cabe sim salientar que o intuito do autor é desenvolver e demonstrar que há uma obra em Lacan, ou seja, um sistema de pensamento: "constatar claramente que existe pensamento em Lacan. Pensamento, isto é, algo cuja existência se impõe a quem não o pensou" (Milner, p. 8).

Foi em parte esse o percurso que fizemos na nossa atividade de reuniões de estudo no Espaço de Estudos Psicanalíticos no ano de 1999. Em parte, pois ainda estamos nos primeiros capítulos desse livro porque ele mesmo nos remeteu para outras leituras que vou citar imediatamente para que se tenha uma idéia.

Quem comece a ler o livro de Milner se dará conta que é necessário se remeter rapidamente ao texto dos Escritos de Lacan chamado Ciência e Verdade. Composto de teses verdadeiramente importantes para a fundamentação da psicanálise, encontramos uma chave de leitura para esse texto ao compará-lo com um texto freudiano, da série das novas Conferências introdutórias sobre psicanálise, chamado em português de A questão de uma Weltanschauung. Texto magistral de Freud, devo sugeri-lo como seu texto mais forte de epistemologia psicanalítica. Quem se importar de conferir perceberá que Freud comenta o estatuto da religião, da ciência e da técnica, concluindo que a psicanálise compartilha a mesma Weltanschauung da ciência porque ela não pode criar uma própria. Seria necessário seguir passo a passo a demonstração, fique a próprio cargo dos estudiosos.

Desde o primeiro momento do no texto, Lacan situará o status do sujeito na psicanálise se utilizando de um termo freudiano para definir sua estrutura: spaltung. Do que se trata? Desenvolverá sua tese da divisão do sujeito como correlata da divisão entre o saber e a verdade inaugurado na experiência cartesiana. Como é isso?

Seguindo Milner veremos a necessidade lacaniana de postular um conceito que estritamente está ausente de Freud: sujeito do inconsciente. Se há nas formações do inconsciente uma forma qualquer de pensamento, se há pensamento inconsciente nos sonhos por exemplo, há que supor um sujeito desse pensamento. Lembramos a enunciação cartesiana: "penso, logo existo". Para Lacan é necessário esse momento inaugural de transformação da verdade de sua dimensão de revelação (para sermos didáticos: acredite primeiro e a verdade se revelará no seu pensamento) para outra quando a verdade se torna distinta do saber sobre ela, pois passa a ser mais o resto de um método de tipo "duvide e comece a pensar". A questão para Lacan é que esse pensar é um efeito do próprio inconsciente, ele próprio efeito da linguagem. Na divisão proporcionada pelo método cartesiano da dúvida hiperbólica Lacan situa o advento do sujeito moderno e o sujeito da ciência (Koyré) este que é implicado pela práxis da psicanálise (Escritos, p. 878). Compreende-se pois que esse sujeito (não qualificável de extensão) seja destituído de uma significação calculável, ou seja, de uma verdade que pudesse ser suscetível de devir como saber (Cf. Calligaris 1991, p. 177)

O método cartesiano da dúvida simbólica desfia-se num problema: seu segundo passo funda de novo o pensamento qualificado e de novo um sujeito da consciência. Para resolver esse impasse é necessário para Lacan situar que o pensamento ocorre lá onde não se é e o ser é onde não pensa. Essa elaboração obriga Lacan a "(...) encerrar o Cogito em sua enunciação estrita e, além disso fecha(r) esta enunciação em si mesma, fazendo a conclusão ("logo existo") o puro pronuntiatum da premissa ("penso"): "escrever: penso, ‘logo existo’, com aspas em torno da Segunda cláusula (A ciência e a verdade. P 879)" (Milner. P. 34).

Na continuidade do desenvolvimento de seu texto, Lacan passa a comentar o famoso aforismo freudiano: "Wo Es war, soll Ich werden", que traduz como "lá onde isso estava, lá, como sujeito, devo [Eu] advir". Este "devo Eu" é assumido como imperativo ético para um sujeito, o de admitir a sua causalidade, admitir a causa da qual ele mesmo é correlato (e este "ele mesmo", sujeito do inconsciente, dividido na operação da linguagem, que é para Lacan a operação da Lei, é agora destituído de qualidades sensíveis: "(...) ele não tem nem Si, nem reflexividade, nem consciência." E mais adiante: "correlato sem qualidades suposto num pensamento sem qualidades, vemos em quê esse existente – chamado de sujeito por Lacan (...)". E por fim: "(...) Com uma nitidez sem par, ela (a psicanálise) separa duas entidades; para uma a consciência de si (do pensamento qualificado, nós ressaltamos) pode sem contradição ser suposta não ser essencial; para a outra, a consciência de si não pode sem contradição ser suposta não ser essencial. Só a primeira responde exatamente às exigências da ciência, e só se encontra nos limites fixados pelo axioma do sujeito; vamos chamá-lo portanto, com toda legitimidade, de sujeito da ciência. Agora compreendemos em que El é sujeito cartesiano e sujeito freudiano" (Milner p. 33).

Esta causa em questão será definida como a causa do desejo que não é sem objeto. Causa do desejo é o objeto "a": "O objeto da psicanálise (...) não é outro senão aquilo que já expus sobre a função que nela desempenha o objeto "a" (Escritos p. 877). (sobre a teoria do objeto "a" achamos que o seu rigor tem início no seminário consagrado ao tema da angústia, se desenvolvendo até o seminário dito A lógica do fantasma).

De novo temos que remeter o leitor ao texto de Lacan para segui o salto que daremos aqui para chegar na sistematização que se formula no final do texto (e não vamos dar aqui os argumentos justificativos que Lacan desenvolve; mais do que nunca nesse momento comparamos o texto de Lacan com o texto freudiano da Weltanschauung). Citamos: "(...). A verdade como causa, irão vocês, psicanalistas, recusar-se a assumir sua questão, quando foi a partir disso que se alçou a sua carreira? Se existem praticantes para quem a verdade como tal supostamente age, não são vocês? (Escritos, p. 883). Isso basta para introduzir a formalização:

Reconhecemos aí as quatro causas aristotélicas.

No desenvolvimento do trabalho de nosso estudo propusemos por nossa conta e risco uma elaboração que achamos coerente e regular:

Objeto "a"- verdade interrogada como causa do desejo

Queremos ver aí a contribuição material de Lacan para uma ética cuja causa se acha ausente em Aristóteles.

A partir disso também foi possível interrogar uma questão: a de como é pensada a causalidade em psicanálise. Sabemos que Freud orienta por toda parte em sua obra o fato de que a causalidade em psicanálise deve ser considerada a posteriori. Isso é a tal ponto que "après-coup" tem quase estatuto de conceito em Lacan. Por nossa vez tendemos a pensar, na falta ainda de melhor definição, em termos de mecanismo. Dizemos que o funcionamento que Freud descreve com o adjetivo – ou advérbio – nachträglich - é um mecanismo próprio do psiquismo e a tal ponto que deva ser ele estendido para todas as causas.

Quanto a isso imaginamos que a respeito da magia (ou dos mitos), que Lacan situa segundo a formulação do recalque (Escritos, p.889), isso pode ser figurado facilmente: justamente nos mitos de identificação (num mito, não numa teoria da identificação que tem seu lugar na teoria psicanalítica). Conhecemos por exemplo um interessante fato, que já não sabemos confirmar a atualidade, de clãs de esquimós que largavam seus velhos na imensidão desértica do gelo para que fossem devorados pelo urso. Quando o homem, talvez o filho, matasse o urso e providenciasse um banquete para alimentar o clã esse velho retornaria a fazer parte dos de sua família se reintegrando através da incorporação (por que considero essa uma estrutura de magia? No mesmo sentido em que Freud comparava os atos obsessivos e os atos e crenças primitivos de supostos efeitos mágicos). Para uma causa eficiente entendemos que há ai o funcionamento de um mecanismo do efeito a posteriori. Também constatamos que esse mecanismo preserva, senão constitui, o que consideramos memória (no sentido aqui de lembrança conforme a acepção de Bergson – "(...) a lembrança representa precisamente o ponto de interseção entre o espírito e a matéria.")Bergson, p. 5)).

Em relação à religião, situada segundo a forma da denegação da verdade como causa (Escritos, p.887), a evocação de um "juízo final", onde um julgamento incorruptível definirá a verdade dos atos do sujeito (percebamos que ele só se torna parte interessada no que o implica quando Deus o julga conforme o seu desejo), parece bastar para demonstrar o mecanismo de funcionamento segundo o juízo a posteriori para a causa final.

Em relação à ciência o entendimento nos faltava. Como funciona para a ciência o mecanismo do "après-coup"? Considerávamos Lacan quando afirma que a ciência se formula segundo a operação da Verwerfung, forclusão nos seus termos. É necessário seguir por aí para concluir, pois Lacan vai insistir que a ciência tem um ideal de comunicação (Lacan não diz ideal de ensinamento) e que nela, ao contrário da magia e da religião, o saber se comunica (Escritos, p. 891). Sabemos que a operação do cientista tem efeitos no real e isso faz o seu poder. O cientista (considerado segundo sua ética proclamada de servir o bem, pois sua caricatura é a da paranóia do cientista louco e a sua face do mal é a razão que permitiu a técnica dos campos de concentração nazistas) pratica como método a aproximação de um ideal de previsão dos efeitos da experiência (ou de sua máxima aproximação) e de sua repetição na forma de controle da mesmidade de sua essência. Para tanto o cientista afirma a necessidade de sua neutralidade. Se ele não está mais ali na repetição de sua experiência, onde está o efeito de "Après-coup"? Onde se percebe o mecanismo sugerido pelo Nachträglich freudiano? Onde está a atualização do relance (se aproveitarmos a proposição de José Luiz Caon para verter o termo freudiano: relance)? Se percebemos que aí o sujeito está forcluído acrescentamos conseqüência suplementar, argumento que Lacan não desenvolve mais: "a ciência, se a examinarmos de perto, não tem memória" (Escritos p. 884) (encaminhamento que remete a pensar o estatuto da memória na psicose). Se não há memória não há o mecanismo do Nachträglich e vice-versa. Aproveitamos a passagem para dizer de uma reflexão pessoal que é anterior a esse ano de trabalho mas que está na origem desses desenvolvimentos: pensamos a experiência psicopatológica da melancolia como um curto circuito na possibilidade da experiência subjetiva ser relançada e ressignificada no "après-coup", algo não funciona nesse sentido. Dessa forma concluímos que o melancólico vive sempre a mesma experiência do real e portanto a experiência do mesmo real (real que o melancólico sabe encontrar a sua face de morte).

Tendo chegado nesse encaminhamento, se impôs uma outra via a partir de Milner: "É verdade que se acrescenta, reconstituível ao longo dos textos freudianos, uma teoria transversal da ciência, não só uma teoria do que deve ser uma ciência, mas uma resposta à pergunta: por que existe ciência em vez de ciência nenhuma? Mas essa teoria permanece precisamente dispersa, e não é certo que Freud tenha consentido em integrá-la, como fez com a sua teoria da religião. Sobre a pergunta do porquê da ciência, Lacan apenas retoma os aforismos de Freud, resumindo-os da seguinte maneira: "a ciência é, quando nasce, uma técnica sexual" (Cf. Seminário XI, p. 144). Quanto a isso recomendamos também o texto de Freud sobre a Weltanschauung: "(...) a magia, precursora de nossa técnica atual ." (Freud, Vol. XXII, p. 152, Amorrortu). A ciência moderna se caracteriza por sempre produzir uma técnica. Isso é o que entendemos se chamar hoje de razão instrumental.

Mas o que Lacan interroga nessa passagem do seu seminário XI? "Onde vai todo esse discurso? – vai nos interrogar se devemos considerar o inconsciente como uma remanescência dessa junção arcaica do pensamento com a realidade sexual." (p. 145). Dessa forma interrogamos durante algum tempo nas nossas reuniões o estatuto do inconsciente freudiano no que ele se distinguiu do inconsciente junguiano (algo desse questionamento Lacan também retoma no texto Ciência e Verdade, recusando o sujeito junguiano que ele define por ainda ser um sujeito dotado de "profundezas" (Escritos p. 882)).

Nessa altura do seminário XI Lacan define a libido (que foi o conceito que Jung repudiou) como "a presença efetiva, como tal, do desejo" (p. 146). Nesse capítulo Lacan começara evocando sua fórmula "a transferência é a atualização (mise en acte) da realidade do inconsciente" e definira a realidade do inconsciente, em Freud, como a realidade sexual (por isso a questão da interrogação do inconsciente como uma remanescência da junção arcaica do pensamento com a realidade sexual, por onde Lacan se pergunta se não foi por aí mesmo que o significante não terá chegado ao mundo do homem).

Fomos atrás do texto de onde supostamente Lacan tirou essa consideração sobre a atualização da realidade do inconsciente. O texto é A dinâmica da transferência (Freud 1912). Vamos encontrar ali verdadeiras frases nas quais só é possível acompanhar o que elas dizem prosseguindo passo a passo em um texto que ‘completamente articulado. Veremos os conceitos de desejos eróticos e os agressivos constituindo o que não encontrou representação consciente, o que não se desenvolveu até a consciência, formando o inconsciente (em termos de contra-investimento) e a neurose: "(...) todo ser humano (...) adquire uma especificidade determinada para o exercício de sua vida amorosa. (...) isto dá por resultado, digamos assim, um clichê (ou vários)." (p. 97). Vai falar do médico como representante de uma <imago paterna> (na verdade um conceito de Jung) segundo a qual responde o paciente e que não precisa ser só essa como também podem ser as de uma imago materna ou de um irmão homem, etc...(p. 98). Esses clichês serão repetições e aí a produção da transferência se operará. Interessante que nesse texto a transferência é pensada como servindo à resistência: "esta luta entre o médico e o paciente, entre intelecto e vida pulsional, entre discernir e querer atuar (agieren), se desenvolve quase exclusivamente em torno dos fenômenos transferenciais." Porém em seguida: "É inegável que dominar os fenômenos da transferência depara ao psicanalista as maiores dificuldades, mas não se deve esquecer que justamente eles nos brindam o inapreciável serviço de fazer de novo atuais e manifestas as moções de amor escondidas e esquecidas dos pacientes; pois, em definitivo, ninguém ou nada pode ser justiçado, executado, in absentia ou in effigie." (p. 105, Vol XII, Amorrortu).

De que direção começaram a vir então as conclusões do final do ano? Pois a impressão é essa esmo, de que elas tenham vindo do Outro (e um final de ano é um momento de concluir).

Evocamos as aulas do seminário "Memórias", conduzido na Associação Psicanalítica de Porto Alegre por Ana Maria Medeiros da Costa, Edson Luís André de Sousa e Lúcia Serrano Pereira. No nosso acompanhamento desse seminário e investigando nas nossas leitura pensamos ter encontrado um desenvolvimento de Freud que começa com o texto Luto e Melancolia, passa pelo capítulo 7, sobre a identificação, no texto da Massenpsichologie como vamos chamar, e se conclui no capítulo sobre a formação do supereu no texto O Eu e o Isso. Desse desenvolvimento achamos que é possível demonstrar, em Freud, que a memória está situada do lado do objeto, mesmo que, nos termos de Freud, ele esteja introjetado numa identificação no Eu (esse termo de introjeção é devido a Jung).

Nos utilizamos do instrumento conceitual, para assim dizer que seja, do matema proposto por Lacan como o do discurso psicanalítico. Lembremos que no lugar da dominância nesse discurso, acima e a esquerda como se convém descrever essa figura de puras letras que querem escrever o Real, está o objeto "a". Na posição do trabalho, acima e a direita, está o sujeito barrado. É nesse sentido que tentamos acolher freudianamente essa formulação lacaniana e nos convencemos que elas são coerentes.

O objeto causa d desejo está agora do lado do Outro e em posição de dominância. A operação do psicanalista só será possível porque a transferência faz dele, ou o posiciona como, semblante desse objeto; objeto perdido para Freud ou objeto que ainda precisa cair do lugar em que sustenta a consistência imaginária do Outro, cair pelo efeito da operação do significante no processo psicanalítico e no ato analítico, como é para Lacan. Para isso rara testemunha é o analista, testemunha da palavra fazendo a limpeza da chaminé. É uma rara testemunha porque é ao mesmo tempo testemunha e causa do processo psicanalítico (e condição tanto no sentido de conditio sine qua non como conditio per quam, ousamos afirmar) e pretendemos que isso seja algo de definição do conceito de transferência.

A interrogação final é se podemos considerar que o resultado desse desenvolvimento fundamenta acertadamente articular que a memória, nas análises, está situada primeiro do lado do analista e que, em sentido estrito, não haveria memória antes da análise; mas então quais as conseqüências a mais a tirar disso? (para indicar a direção que é a nossa indicamos que isso poderia esclarece algumas coisas do por quê Lacan afirmar que a resistência está sempre do lado do analista e também ajudar a abordar as questões da difícil técnica de Construções em análise (Freud, 1937)).

Referências bibliográficas

BERGSON, Henri. Matéria e Memória – ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Martins Fontes, 1999

CALLIGARIS, Contardo. O Inconsciente em Lacan in KNOBLOCH, F. (org.) O Inconsciente: várias leituras. S.P. Escuta, 1991

FREUD, Sigmund. Em torno de uma cosmovision Vol XXII p. 146 Amorrortu

Sobre la dinâmica de la transferência Vol XII p. 93 Amorrortu

LACAN, Jacques. Ciência e Verdade in Escritos RJ. Jorge Zahar ed. 1998

O seminário Livro X – A angústia versão produzida pelo CEF de Recife, 1997

O seminário Livro XI – Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise RJ. Jorge Zahar ed. 1998

MILNER, J.C. A obra clara – Lacan, a ciência, a filosofia RJ. Jorge Zahar ed. 1996

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Revista de Psicoanálisis y Cultura
Número 11 - Julio 2000
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